sábado, 27 de setembro de 2008

Mares nunca, nunca dantes navegados!

Por Braz Gomes Filho
Novos Planos, Novos Rumos, Novos Mares
Nunca, Nunca Mesmo, Dantes Navegados!

As máquinas parecem esperar como barcos aportados.
Tudo é calmo, tudo é expectativa, tudo é como é apenas.

Alunos chegam. Conectam-se, envolvem-se, tomam seus lugares, modificam o ambiente, pilotam as máquinas, criam suas imagens, dialogam com a tela e com o colega. Voltam-se para a tela. Há uma polifonia silenciosa. Tela-homem-homem-tela. Um clique e se instala um diálogo, um Del e apaga-se tudo, um control C e tudo é copiado, um control V e tudo fica claro. Diálogos em cliques, nas pontas dos dedos, com um amigo, consigo. Diálogos em toques.
Há diálogos temerosos; dos que não conhecem ainda direito as novas tecnologias , dos que já viram mas não manusearam, dos que têm medo de perder-se em toques, em programas, em arquivos. Têm medo da tela, do que possa aparecer na tela e medo de que tudo suma da tela em um clique, em um toque. A tela é a vela. Se a vela baixar, o barco fica a deriva.
Há diálogos audaciosos, afoitos, impulsivos; dos que se jogam ao mar como surfistas em ondas altas em busca de tsunamis. Se a vela baixar, eles conhecem aqueles mares e outros mais, nasceram ali, perto da praia: dentro do mar. Eles não vieram da orla para o mar: eles nasceram no mar. Nasceram na era digital, do ship, do shift, em meio ao HD. Cresceram com o disquete, com o cd... O pen-drive já está quase ultrapassado...

Para o temor que os alunos mais velhos, que estão recomeçando, sentem, não há espaço na cabeça dos mais jovens, esses manuseiam o teclado como se tocassem em seus próprios corpos. As tecnologias midiáticas são para eles uma extensão do seu ser, do pensamento, da vida. Aliás, tudo é vida, faz parte da vida, do cotidiano real, apesar da virtualidade.
Para os mais velhos trata-se de uma nova cultura, de uma nova maneira de trocar informações, um modo novo de sociabilidade. Para os mais novos tudo sempre foi assim, esta é a sua cultura, isto é sociabilidade.
...Está instalada uma polifonia aparentemente ruidosa, aparentemente desordenada, mas com papéis claros; aparentemente solitária, com diálogos pertinentes; aparentemente confusa, mas coerente; aparentemente descontrolada, mas com uma audácia harmoniosa equivalente a uma torcida no estádio de futebol em dia de final de campeonato...

Um comentário:

Ge Dias disse...

O texto é maravilhoso. Abraços